A tese de que o professor é o total responsável pelo sucesso ou fracasso de um aluno é uma falácia. Como eu sempre disse aqui, o problema não é apenas moral. De uma suposta força de vontade ou de vocação. Isso faz parte de um contexto muito mais amplo. Quem não enxerga a floresta não perceberá a árvore. Temos que ter uma visão de conjunto. É um todo. O sistema quer arrumar bodes expiatórios. Como o mesmo sistema vendeu a falácia aceita por tantos, de que o mercado regula tudo. Como o mercado pode regular tudo, se ele é irracional por natureza? Essa conversa de que o Estado não deve intervir na economia caiu por terra, não foi?O mesmo vai acontecer em relação à educação. O professor tem a sua parcela, mas ele está longe de ser o principal ator. Há alunos que não se alimentam; têm pais analfabetos; muitos são abusados sexualmente; tantos outros não têm dinheiro para comprar um caderno; outros ainda não têm o mínimo estímulo e precisam trabalhar para ajudar em casa. Como vão estudar?Para quem está em sala-de-aula isso é uma realidade. A escola virou uma espécie de ponto de encontro. Há alunos brilhantes, mas a maioria não quer nada. Mas não é um problema de força de vontade apenas. A pergunta é: "O que faz um jovem ter muita força de vontade, enquanto outros têm uma vontade sem força"?Os melhores alunos têm pais estudados, bem empregados, famílias estruturadas. Isso é um fato. Acontece de um ou outro que não tem essa situação se destacar, mas como eu disse, é exceção. Basta comparar os estudantes de boas escolas particulares com os das escolas públicas...O problema é amplo. E tem a ver com o modo de produção vigente. Não dá para dissociar isso. O professor é mais uma pequena peça nessa grande engrenagem. Ele pode pouco. Chamar a atenção de um aluno, hoje em dia, é um perigo. Nunca se sabe a reação que o aluno terá. A capacidade de tolerar frustração dos jovens atualmente é baixíssima. Isso se deve ao fato de trocar-se afeto, carinho e amor, por presentes.Um jovem que não se acostumou a ouvir um NÃO de vez em quando na família, será um sério candidato a agredir os professores no futuro. São crianças grandes. Nada mais. Outra: quando o sujeito não quer fazer um trabalho ou exercício, o que se pode fazer? No fim do ano a pressão para aprová-lo é grande. A experiência mostra: quanto mais uma família é estruturada no sentido amplo dessa palavra, mais os filhos serão bons alunos. Há exceções, mas são raras. O contrário também é verdadeiro.Enfim, a meu ver, o principal fator é o econômico, político, social e cultural. Falta seriedade no quesito educação e saúde no Brasil. A educação deve ser um projeto amplo de Estado e não de ideologias e cores partidárias. Em qualquer país desenvolvido, quando alguém se refere à educação, usa-se a palavra INVESTIMENTO. Aqui no Brasil? Usa-se a palavra DESPESA. E a corrupção é o quê? Sem comentários...
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Por: Vanessa Pires de Souza.
Por isso temos que pensar bem antes de votar nos candidatos.Não adianta colocar só culpa nos Governos,o professor também tem que lutar para mudar essa realidade.Muitos aceitam tudo e vivem reclamando de tudo.Assim não dá....tem que mudar,tem que ser diferente dos que nos governam.
ResponderExcluirLuana Meurer.